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Sicsú: Juros altos afetam economia, ampliam gasto e não detêm inflação

Em 12 meses, o governo pagou R$ 451,8 bilhões em juros da dívida pública, ou seja, 7,92% do PIB. O elevado valor está intimamente relacionado às altas taxas de juros praticadas no país, sob o argumento de controlar preços. Para o professor do Instituto de Economia da UFRJ, João Sicsú, a política de juros adotada pelo Banco Central só “contribui para desequilibrar as contas públicas, desacelerar a economia, criar desemprego e não ajuda a controlar inflação”.

De acordo com o economista, juros altos só trazem benefícios para os detentores de dívida pública, quer dizer, em sua grande maioria, ao sistema financeiro. “Isso é uma transferência de renda que se faz enorme. A sociedade paga ao sistema financeiro”, criticou. 

Segundo Sicsú, que é ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), não há nada que justifique a manutenção da taxa básica de juros em 14,25% ao ano, maior patamar em nove anos. Para ele, as causas da inflação brasileira não estão relacionadas a uma aceleração da economia e a questões de demandas, razões que poderiam ser afetadas pela taxa de juros.

“A inflação que nós temos não tem causa no aquecimento econômico, antes fosse. A nossa inflação dos últimos tempos é basicamente uma inflação de alimentos e de preços administrados. A taxa de juros não tem nenhuma relação com o preço da carne, do feijão. Esses preços têm causas climáticas e sazonais. E preços administrados são autorizados pelo governo. E, aí, o que impactou de fato foi eletricidade e gasolina e diesel”, avalia.

economista analisa que há hoje uma contradição entre a política fiscal e a política monetária no país. “O governo está cortando gastos para fazer o equilíbrio fiscal e, do ouro lado, o Banco Central mantém os juros altos e, ao fazer isso, ele aumenta os gastos e contribui ainda mais para a recessão”, observa.

Isso acontece à medida que boa parte dos títulos públicos é indexada à taxa básica de juros, a Selic. A emissão de títulos de dívida pública é uma das formas que o governo usa para captar recursos e financiar suas atividades. Funciona como um empréstimo pelo qual o credor recebe o valor emprestado, acrescido de juros. Ou seja, quanto maior é a taxa, maior será a dívida pública e, consequentemente, o valor a ser pago pelo governo.

Segundo Sicsú, manter taxas de juros tão altas é então um “mau serviço”, pois aumenta a despesa e só contribui para desacelerar ainda mais a economia. “Desacelera porque o crédito fica mais caro, porque o empresário que iria supostamente investir - que tem dinheiro na mão -, ao invés de comprar uma máquina, prefere comprar títulos públicos. Quer dizer, ter títulos públicos com essa taxa de juros é um grande estímulo ao não investimento e, sim, à compra dos títulos. Agora, impacto sobre a inflação não tem nenhum”, analisa.

O economista classificou como “absurdo” o valor gasto pelo governo para pagamento da dívida. “É um absurdo porque a taxa de juros está alta. Se baixar, não fica tão absurdo assim, fica factível. Mas, hoje, entre o orçamento de todos os ministérios, a taxa de juros só não supera a Previdência Social. Os juros são maiores que [o orçamento de] qualquer outro Ministério. Se somar Saúde e Educação, não dá metade do que gastamos com juros”, comparou.

De acordo com ele, é preciso fazer um enfrentamento político da questão, uma vez que, no debate técnico, já fica clara a necessidade de reduzir a Selic. “Na discussão técnica, é obvio que se permite baixar os juros, mas é uma questão política se precisamos baixar ou não”.

Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho


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